domingo, 22 de abril de 2012

Quatro Árvores, Três Histórias

Março/abril. Fim da chuvas e a pressa de plantar as árvores. A disponibilidade de tempo é pouca, os serviços são muitos... Separei as árvores em três lotes: as frutíferas, as ornamentais e as madeiras nobres. A preferência para plantio foi para as frutíferas, já que resultariam em reflorestamento e possiblidade de colheita de frutas, além de garantir alimentação para os bichos e recuperar recursos ecológicos. As outras qualidades, de vez em quando plantava uma. E assim, foram ficando de lado algumas árvores ornamentais. Não fazia sentido plantá-las no meio do mato. Precisavam ter destaque, estar ao alcance da visão, compor a paisagem. Aí, separei um encosta acima da casa, um lugar que podia ser visto da aranda, ao final da tarde, para colocar algumas dessas árvores. Abri um picada no meio do mato, roçando o capim e para ali destinei uma paineira, dois ipês bancos e uma quaresmeira rosa. Foi curioso perceber que todas essas árvores tinham histórias e destinatários. Quatro árvores, três histórias que ainda vão ser contadas.

domingo, 8 de abril de 2012

Mesa II - Teia de Renda

E aproveitando o assunto anterior, vejam a toalha de mesa que minha irmã Rosângela fez para nós:Habilidade aprendida e herdada diretamente das mãos de nossa mãe.

Teia de Renda
Milton Nascimento e Túlio Mourão

De mil canteiros de ilusões
Brotam desejos que já vivi
Já conversados, já tão sentidos
Campos de força, tempos atrás.

Em meu destino o que restou
Marca profunda de muito amor
Tão procurada, iluminada
Essa loucura que me abraçou.

O que se deu, que se trocou
Quanta verdade a se entrelaçar
Que se sofreu, o que se andou
Quase ninguém nos acompanhou.

O que me cerca, onde hoje estou
Numa saudade sem tempo e fim
Acomodada, gente parada
Teia de renda que me cercou.

Eu não aceito o que se faz
Negar a luz fingindo que é paz
A vida é hoje, o sol é sempre
Se já conheço eu quero é mais.

O que se andar, o que crescer
Se já conheço eu quero é mais
Eu não aceito o que se faz
Negar a luz fingindo que é paz.

E a natureza, sem mãos, também tece suas tramas:

domingo, 1 de abril de 2012

Mesa

Ainda no comecinho de agosto de 2011, recebi um email do meu amigo Rivelino intitulado "Um Poema com a cara do Encantado - O Relógio"(clique aqui para conhecer).Gostei da poesia e dei uma pesquisada na autora (mineira)e achei umas coisa bem interessantes.

Na época, estava orçando a mesa para o Encantado, procurando algo rústico, não muito caro, e com lugar para pelo menos dez pessoas (na verdade, dez amigos).
Achei essa mesa da fotografia ao lado, e, graças ao email do Rivelino, achei também a poesia dessa mesma autora:



Mesa
A. M. Marques

Mais importante que ter uma memória é ter uma mesa
mais importante que já ter amado um dia é ter uma mesa sólida
uma mesa que é como uma cama diurna
com seu coração de árvore, de floresta
é importante em matéria de amor não meter os pés pelas mãos
mas mais importante é ter uma mesa
porque uma mesa é uma espécie de chão que apoia
os que ainda não caíram de vez.

Minha mesa está lá, firme como minha teimosia. E quando às vezes, me sento nela, em frente do meu bem, sinto que meu chão é forte, que o coração da mata palpita seu ritmo tranquilo, que não vou meter os pés pelas mãos. E que minha mesa vai guardar minha memória.

(Tem mais poesias da autora aqui para quem quiser conhecer)