Padrinho dos passarinhos

Calma, comadre. Somos parceiros nesse projeto!

Deus não dá asa às cobras
mas também não deu a mim.
Inconformado de ser assim,
sem asas para voar
(exceto as da imaginação),
tornei-me guardião dos ninhos
amigo dos que cruzam os ares,
Padrinho dos passarinhos.

Quirera para os canários,
banana para os sanhaços,
laranjas para os sabiás,
tomando cuidados vários,
cuidando de todos espaços
sigo plantando araçás
querendo o paraíso criar,
Padrinho dos passarinhos.

O negócio é sonhar.

Bom, eu comecei a noite escutando Fernanda Abreu em Raio X, mas o balanço me levou pra Chico Science no maior batuque de maracatu e mangue beat:

"A cidade não pára
A cidade só cresce
O de cima sobe
E o de baixo desce"

Aí tomei um conhaque e fui conhecer o blog (paralisado) do amigo Gustavo Guimarães Vilela (http://vilelagui.wordpress.com/), colega de Furnas. Nós, tão diferentes na parência (ele meio calvo, eu, de rabo-de-cavalo), mas com afinidades: música, escrever, criar, conversar:

"Não faz muita diferença estar vivo ou estar morto.
O negocio é sonhar.
O melhor é sempre foi e será o melhor negocio,
Sonhar."

Gustavão, tu pode ter razão, mas eu prefiro sonhar vivo. Até os espinhos podem ser belos!

O Guardião do Encantado

Mais de mês sem postar, mas o Encantado continua à toda. Indo todo final de semana e sempre plantando uma árvore. Terminado o alambrado, canil concluído e tratador canino automatizado, foi a vez de levar o Panthro pra lá.
Panthro é esse rotweiller enorme da foto. Ele era do meu sobrinho Freddy. Veio de Porto Seguro, Bahia. O Freddy conta que uma vez, tentou ensiná-lo a só comer ração dada pelos donos. Colocou um monte de pimenta no meio de uma carne e deixou escondida no quintal, para ele achar, comer e se arrepender pelo ardor da pimenta. Qual nada! Cachorro baiano, comeu tudo e pediu mais.
Quando Freedy se mudou para um apartamento em BH, o Panthro veio para a casa de minha irmã, em Itaú. Um quintal pequeno para a energia dele. Quando oprojeto Encantado começou a se firmar, decidimos levar ele para lá, e agora ele está todo feliz naquele espaço (o Encantado é assim, tem uma magia que satisfaz qualquer um). Dá gosto ver como ele se integrou a tudo. E ele com todo aquele tamanho, com aquele latido estrondante, fica dócil, carinhoso e apegado. Uma sombra caminhando do meu lado aonde quer que eu vá.

Alguns têm leões-de-chácara, o Hades tem o Cérbero, mas o Guardião do Encantado é o Panthro, em memória e honra de todos os meus cães-voadores: Lunik, Dragão, Falcão, Rena e Laika (talves Luna, suspensa no céu).

Cogumelos, líquens e afins

Quando eu era criança, chamava os cogumelos de "chapeu de sapo". E achava mesmo que os sapos se escondiam do sol debaixo daqueles chapeus.
Quando criança, eu andava na ponta dos pés, quando passava perto das "orelhas-de-pau" e contava segredos para eles, com tantas orelhas para escutar e nenhuma boca para espalhar.
Depois que cresci, descobri que a família dos fungos congrega vegetais que não possuem clorofila, nem fazem fotossíntese, e, portanto, não fabricam seu alimento. Elas se alimentam de organismos mortos. Nessa dinâmica, digerem os restos das florestas e reciclam a vida.

Mas o menino que ainda existe em mim, disparando o obturador da máquina fotográfica, afirma sem hesitar:
¬Olha como são bonitos! Perceba o mistério de suas formas! Eles são mágicos!!!

O Cio da Terra

O Cio da Terra
Chico Buarque e Milton Nascimento

Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão

Milho, mandioca, girassol, mamão e a flor lágrima de cristo.

Licor de Jaboticaba

A jaboticabeira explodindo em flores no dia 12.10.2011. O cheiro é inebriante. As abelhas zunem, atarefadas. Mais insetos são atraídos. À volta, a expectativa dos frutos...

E quando chegarem os frutos ponha em um vidro grande:
01 litro de jaboticabas bem maduras, lavadas e escorridas;
01 quilo de açúcar cristal;
01 litro e cachaça de qualidade pelo menos razoável (evite experimentar mais de cinco qualidades em sequência, a não ser que tenha intimidade com a bichinha).

Deixe de molho por uma semana, podendo agitar o vidro levemente para misturar a cada dois dias.

Coe, engarrafe e deixe curtir por uns dois meses.

Tome com um bom amigo. Saúde, Gilberto.

Ótimo texto de Regis Tadeu

Regis Tadeu é polêmico e muita gente o acha babaca. Eu acho que ele tem conhecimento, opiniões e coragem. Gostei desse texto dele:

"Estou desconfiado de que eu, você e mais 150 milhões de pessoas que vivem neste país estamos sendo enganados. Na verdade, vivemos em uma espécie de "Matrix idiotizante". E não me refiro somente a essas barbaridades de reality shows que empesteiam a TV brasileira.

Você já reparou como somos bombardeados diariamente pelas notícias mais estapafúrdias e inúteis da galáxia, mesmo na hora em que estamos tentando comer em paz um pastel de queijo na feira? Já percebeu como são cada vez mais frequentes as entrevistas em que ninguém — entrevistador e entrevistado — tem absolutamente nada a dizer, principalmente no caso dos "famosos de último escalão", cujo único atributo é, na maioria dos casos, um corpinho malhado e despido? Você não acha que há uma conspiração "imbecilizante" em andamento? Eu penso que sim...

Nossa inteligência está sendo diariamente desrespeitada. Perversamente, somos ameaçados por um mundo tolo e sem conteúdo.

Eu não dou a mínima a respeito do que a Monique Evans pensa sobre o João Kleber. Não tenho curiosidade em saber por que a Madonna namorou um zé-ruela que foi alçado ao patamar da fama por quinze minutos e que depois virou "DJ de araque". Não tenho a menor curiosidade em conhecer os "pensamentos" dessa tal de Joana Machado. Não quero saber se a Adriane Galisteu e a Eliana tomam café da manhã adoçado com caldo de cana e querosene.

E você? Quer realmente saber o que pensa uma Panicat — qualquer uma -, a Valesca Popozuda, a Mulher-Melão, a Susana Vieira, a namorada de um pagodeiro qualquer, a Mulher-Maçã ou a Mulher-Raio-que-o-parta?

Toda esta situação é decorrente, dentre outras coisas, de uma geração de pessoas que se dizem "românticas", mas que não sabem sequer como dar um abraço sem produzir uma baba elástica e bovina (obrigado, Nelson Rodrigues!), manifestada em frases prontas extraídas de livros de auto-ajuda ou em olhos vidrados pela babaquice explícita e retardada.

Milhões de pessoas se parecem como lagartixas felizes toda vez que surge um concurso na TV, seja lá para o que for, pois este é o caminho certo para o estrelato para este tipo de gente.

Quer saber? Estou cansado de ouvir e ver "artistas" exibindo falta de inteligência embalada em uma humildade pseudocharmosa. Estou de saco cheio de ouvir discursos de plástico saindo da boca de gente politicamente correta. Nosso mundo precisa cada vez mais de pessoas de coração e alma, que não tenham medo de assuntos polêmicos, que se mostrem audaciosos e até mesmo ultrajantes quando for o caso. Chega de pessoas "ensolaradas e simpáticas", radiantes em sua globalização andróide.

Não quero que o Brasil seja habitado apenas por discípulos do Dalai Lama ou por amantes de sanduíches naturais. Só não estou com a mínima vontade de dividir meu cotidiano diário com gente sem talento e determinada a fazer qualquer coisa para se dar bem. Não quero ninguém com arroubos de brilhantismo "shakespeariano", vomitando malabarismos gramaticais.

Apenas um pouco de inteligência já está bom..."


Texto original em http://br.omg.yahoo.com/blogs/mira-regis/fazenda-acabou-e-dai-172817850.html

27 de agosto: mais visitas.

O blogueiro e sua irmã, Rosângela.Rivelino e Marília, emoldurados pelo Santana. Abaixo, Rivelino e Heitor no balanço da rede.

Érika e Ricardo, conhecendo o Encantado e se encantando.

Luiz Fernando, Chico e Rosângela, soltinhos no Encantado.

Na mata:
Aglomeração de insetos e a vigília do carcará:

Nasce o sol no Encantado em 28 de agosto.

20 de agosto: Festa do Gabriel, o rio e a orquídea

13 de Agosto: Festa da turma da Clara, o rio e a jabuticabeira.

Dia 06 de agosto foi o dia de inaugurar as panelas de barro com uma deliciosa moqueca, que já estava prometida aqui. Os amigos Márcio e Solange passaram um final de semana com a gente e prepararam o prato do dia (delicioso!).
Durante o dia, Márcio me ajudou a recuperar uma cerca junto ao rio, por onde o gado do vizinho entrava no Encantado. Para isso contamos com a ajuda do Joaquim, que era quem sabia fazer cerca, porque nós...
À noite, os amigos Flaviano e Rose foram saborear a moqueca e comparecer com um dedo de prosa... e um licorzinho de café.

30/07 - Ariramba

Parecia um beija flor enorme. As mesmas cores fosforescentes. E aquele bico grandão. Só o voo era diferente. Ele não parava no ar, mas até que dava uns loops interessantes. Naquele sábado, 30/07, ele ficou um tempão se exibindo. Mas até hoje não voltou...

Presente de Um Beija-Flor (Natiruts)

Beija-flor que trouxe meu amor
Voou e foi embora
Olha só como é lindo meu amor
Estou feliz agora

Veja só a névoa branca que sai de trás do bambuzal
Será que ela me faz bem ou será que me faz mal
Eu vou surfar no céu azul de nuvens doidas
Da capital do meu país
Pra ver se esqueço da pobreza e violência
Que deixa o meu povo infeliz (...)

23/07/2011

No dia 23 de julho recebemos a visita da Luciene, Zé Luiz, Ernandes, Roseane e Miguel (além do gavião-relógio)

E amanhã tem mais!!!!!!!!!!

Fotos da Semana

Estou fazendo um cursinho de fotografia e estamos também com uma câmera nova. Temos recebido muitas visitas e a natureza oferece uma infinidade de surpresas a serem fotografadas. Nada mais óbvio do que disparar o obturador toda hora e juntar um monte de imagens.
Vou aproveitar uns dias de férias, organizar as fotos e inaugurar uma nova seção aqui no blog: Fotos da semana. Nesses dias, vou colocar algumas imagens separadas por finais de semana, desde julho.

A Paz!!!

Desde que começamos usufruir do Encantado fiquei a observar o quanto me sinto bem ali. É claro que o lugar tem sua beleza. Ar puro, natureza, rio, canto dos pássaros, entre tantas coisas...
Mas o que mais me surpreende é a paz que existe ali.
É um silêncio fantástico.

É possível acalmar todos os barulhos interiores já que exteriormente só existe a natureza. Natureza essa que permite aquietar o coração e perceber ao fundo o barulho da água que corre suavemente seu destino. Ah, ouvir o barulho da água é relaxante. Basta um fim de semana no Encantado para refazer as forças, desestressar pelo mês todo.

Poesia, o silêncio que fala...

Silêncio uma pausa...
Para ouvir a voz do coração

Silêncio o bom aconselhador.
Silêncio para ouvir a alma

Que canta a beleza interior
Silêncio o amigo do amor

Silêncio de quem precisa se recompor
Silêncio que traz o recado esperado

Do silêncio do amor...
Silêncio o real confessor.

Silêncio que produz pérolas em poesias
Nos versos de quem vive em silencio, a dor.

Silêncio que sopra bem alto poemas,
Na alma de um poeta sonhador...
(stellamaris)

Fauna

A natureza preservada se mostra exuberante. No Encantado, ainda que timidamente, os animais começam a mostrar a cara. Um dia desses presenciamos o passeio de um bando enorme de quatis. Passarinhos e gaviões vivem dando o ar da graça. Em especial o falcão relógio, que chamou a atenção pela sua beleza.
No domingo, 28/08, filmamos alguns quatis e o gavião, para ilustrar esse blog. As imagens ainda não estão ótimas. Como eles ainda estão medrosos, precisamos usar o zoom da câmera no máximo, para não assustá-los, mas já dá para ter uma ideia da beleza da natureza encantada.

Das Rosas

Aviso:

A postagem de hoje ficou prejudicada porque hoje é dia de podar roseiras...
... e mais uma vez tentar a propagação da roseira que meu pai plantou, o príncipe negro, e que eu não consigo reproduzir. Vou tentar mais uma vez. A vida é tentar. É não desistir. E essa teimosia, eu herdei. (Viva Wilson Teixeira e Mahatma Gandhi e a resistencia, pacífica ou não).

Nota: Estive ouvindo Zé Ramalho e Sivuca. Não tem nada a ver, mas vai que isso ajuda as mudas de roseiras a vingar..

No Tempo Dos Quintais - Sivuca

Era uma vez um tempo de pardais
De verde nos quintais
Faz muito tempo atras
Quando ainda havia fadas
Num bonde havia um anjo pra guiar
Outro pra dar lugar
Pra quem chegar sentar
De duvidar, de admirar
Havia frutos num pomar qualquer
De se tirar do pé
No tempo em que os casais
Podiam mais se namorar
Nos lampioes de gas
Sem os ladroes atras
Tempo em que o medo se chamou- jamais (...)

Tudo que existe tem nome. Na verdade, até o que não existe tem nome, porque existe pelo menos em pensamento, em imaginação. Até o que não pode ter nome, pode ser chamado de inominável. Para se autonomear, podem-se usar vários nomes (vide Nerval e Lobão).
O nome do Encantado já foi parcialmente explicado no post Capítulo II - Êxodo e Chegada à Terra Prometida. O nome pegou e eu já andava pensando numa placa para fixar.
Nesses dias, estive procurando uma mesa grande para reunir o pessoal nas noites encantadas e vi um punhado nas lojas de móveis com madeira de demolição. Me apaixonei por várias, mas o preço... Andei também falando com alguns marceneiros para fazer a bendita. Hoje, já achei e comprei a mesa e isso vai ser assunto de outra postagem, mas, nesse caminho tornei a encontrar e conhecer melhor o Celso. Ele conhece o pedaço de terra onde hoje é o Encantado por ser amigo com um dos antigos donos. Frequentou o local e elogia muito tudo por lá. Quando eu estava adquirindo a propriedade, falei com ele algumas vezes para resolver algumas pendências.
Nessa semana conversei com ele sobre a mesa e acabei ficando lá trocando ideias. Achei um cara que também gosta de coisas antigas, de artesanato e tem boas ideias. Com ele, acabei definido o projeto da placa. Usamos um tronco serrado de uma árvore, onde ele entalhou o nome e fez alguns desenhos. Ficou bem adequado ao Encantado. Agora falta envernizar e fixar, mas gostei do resultado final da parceria (bons propósitos atraem boas pessoas)... Já estamos com mais um projeto em andamento. Aguardem!

Abre-te Sésamo!

O Encantado é um projeto que congrega pessoas, e bons projetos atraem boas pessoas. Alguma coisa mágica desperta a generosidade das pessoas e vamos construindo um recanto onde todos se sentem bem.
Lá no princípio da reforma, ganhamos uma janela e uma porta de madeira, linda, grande, pesadona e que foi selecionada para substituir a porta de entrada da sala, que era de ferro e já estava enferrujando. A porta de madeira ficou lá um tempo, esperando a hora de ser colocada e quando Seo Damião, o pedreiro foi colocá-la, apareceu o "problema": o portal da porta era bem mais largo do que a parede. As soluções apresentadas foram meio desanimadoras: serrar o portal (além de dar muito trabalho, correr o risco de estragar alguma, tirava nuito do charme da porta); outra solução era fazer uma outra parede, colada na principal, até dar a largura do portal.
Fiquei meio inconformado com aquilo, além de ser injusto com o doador da porta. Mas, depois de uns dois dias com a pulga atrás da orelha, achei uma solução: construir a parede extra apenas emoldurando a porta e com um arranjo arquitetônico o resultado foi esse que vocês podem ver abaixo:

Resultado do esforço coletivo de boas pessoas: aquisição e doação da porta = Rivelino

idealização = Ronaldo;

execução = Seo Damião

decoração = Clara

aprovação = Rosângela.

E quanto ao Rivelino, digo que é um grande amigo, parceiro e comparsa em tantas coisas. E que agora esta também envolvido em outra grande realização: o casamento com a Marília e a criação do Heitor - que está uma gracinha!
Gosto tanto do Rivelino, que quando precisei dar referência de uma outra pessoa, eu disse: _ Eu confio em Fulano como confio no Rivelino. Ele já foi visto com preconceito, principalmente entre professores, pela "teimosia" com que defende o que acredita, mas a verdade é que ele é apaixonado por suas crenças.

Amigo Rivelino, as portas do Encantado estão abertas para vocês. E lá, a palavra mágica não é abracadabra. A palavra mágica é COMPANHEIRO!

Rede de Varanda / A Paz

A Paz (Leila 4)

Gilberto Gil & João Donato

A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais

A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino; A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz

Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz

Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"

Em quantos lugares, além do Encantado, você pode imaginar um balanço na rede com uma pessoinha dessa ao lado?

Peroba-Rosa

O frio do inverno já começou a passar, mas os efeitos da estiagem continuam. O tempo muito seco tem adiado meu planejamento de plantio de árvores no Encantado. As energias estão sendo gastas para garantir a sobrevivência das poucas mudas plantadas. De um modo geral, essas mudas estão resistindo, mas noto que estão sentindo. Enquanto isso, ficamos pajeando muitas outras em casa, aguardando o tempo das águas para o plantio. Mas a vontade de plantar vive comichando...
Envolvido nos cuidados com as mudas já plantadas, levando água pelo meio do mato, me pego procurando um lugar que ache propício para receber uma muda. Tenho um buriti plantado na beira do Santana em Janeiro que marca uma das divisas do Encantado. Apesar de ele estar na beira do rio, está correndo risco pela seca. Por isso, a cada vez que vou lá, levo um pouco de água para ele. Nas caminhadas pela mata, acabei escolhendo uns dois locais para plantar mais árvores. Se tenho de levar água para o buriti, por que não levar para mais umas duas mudas? As espécies selecionadas foram a peroba-rosa e o araçá.

Essa escolha foi motivada, entre outras coisas, pelo fato de possuirmos mais de uma muda dessas. Então, se por acaso não sobreviverem, temos reservas. Dessa forma, no dia 20.07.2011 plantei a peroba, sem muita noção do tamanho da árvore, apenas sabendo que é uma madeira nobre, explorada até a quase extinção.
No dia seguinte, fomos a a Ribeirão Preto com o sobrinho Miguel e seus pais, para um passeio no zoológico e um dos primeiros encontros no bosque foi com uma peroba-rosa , uma árvore com cerca de 35 metros e idade estimada em 300 anos. Impressionante. A árvore está ancorada com cabos de aço para ajudar em sua estabilidade. Lembrei de minha mudinha frágil, dependente de meus cuidados, meio perdida no meio da mata do Encantado. Chegará até os 300 anos? Para mim será a vitória de uma epopeia, se eu a ver com 30 anos. Por enquanto, ver minha peroba-rosa em seus 30 centímetros de altura, levar-lhe um pouco d'água e sonhar com seu crescimento, já me enche de satisfação.

Dias de Comemoração

Dia 01.07 foi muito importante para nós. Minha filha Clara fez a defesa de sua dissertação de mestrado "CINEJORNAL BRASILEIRO: a documentação do esporte no Estado Novo em comparação com a estética de Leni Riefenstahl". Não precisa nem dizer que ela foi aprovada e agora é Mestra em Cinema. Estivemos lá em Belo Horizonte, onde fomos muito bem recebidos pela Lílian e pelo Freddy. Foi muito emocionante estar presente nessa conquista da Clarita, e, apesar da correria (fomos num bate-e-volta) deu pra aproveitar bastante. Deu até para ir no Mercado Central e comprar duas redes pro Encantado.

E no dia 16 foi dia da primeira visita da Clara no Encantado pós-reforma. Foi a continuação da comemoração pelo mestrado. Passamos horas muito agradáveis e a Clara fez um prato delicioso, essa moranga recheada que vocês veem na foto. A receita by Clara tá logo abaixo. Recomendo (e como de novo!).

 

• Uma abóbora moranga grande
• Meio quilo de carne (nesta receita usamos músculo, mas pode ser carne de sol)
• 1/4 de queijo da canastra cortado em cubos

Modo de fazer: Com uma faca pequena faça um corte redondo em cima da abóbora e retire a sua tampa. Depois, com uma colher, retire todas as sementes. Em uma panela grande, coloque a abóbora para cozinhar com a cavidade voltada para baixo. Não precisa cozinhar muito se não ela desmancha. Enquanto isso, cozinhe a carne na panela de pressão até que ela desmanche. Tempere a gosto. Quando a abóbora já estiver um pouco cozida, retire-a da água, deixe esfriar e com uma colher retire a poupa. Misture a poupa da abóbora com a carne desfiada e aproveite para acertar o sal. Uma pimentinha nessa hora também vai bem. Coloque essa mistura de volta na abóbora e cubra tudo com o queijo da canastra em cubos. Leve ao forno por 15 minutos para gratinar e sirva acompanhado com arroz branco.

Pois para isso fomos feitos. Para amar. Para sermos amados. E para celebrar a vida, encantada.